Eduardo Parrucci
Se sentir bem com pouco deveria ser uma prática comum, mas é difícil idealizar para um humano, que se pode ter coisas boas de coisas pequenas. O tempo passa e você muda, as coisas mudam, um mundo de caminhos existe e às vezes sem perceber, você pega aquele que será o mais apropriado, algumas coisas não são controláveis e ainda bem, já pensou se a cada passo dado você soubesse exatamente aonde queria pisar e qual era o seu propósito? É como dizem em uma propaganda televisiva, o que move o homem não são as respostas, mas as perguntas.
Quando nos damos por si, estamos diante de algo que pode mudar nossa vida, para melhor ou pior, dependendo sempre do agente inspirador e do que causará, quando a luz do dia brilha você se dá conta de que está fascinado por algo que nunca imaginou que poderia estar, foi assim comigo e é assim com qualquer um, existem coisas que chamo de existência comum, pois não há um ser humano que conheço que nunca tenha se encantado com algo, aliás, caso procurem no dicionário, fascínio é exatamente isso, encantamento, claro, dentre outras hipóteses a de paralisar com o olhar, atrair irresistivelmente, deslumbrar, seduzir, alucinar e finalmente, dominar irresistivelmente a atenção ou o interesse de algo.
Na infância, diariamente nos deslumbramos com alguma coisa, seja uma história ou objeto e não desejamos perder isso por nada, assim é também quando crescemos e nos deparamos com aquilo que nos paralisa o olhar. Foi assim que comecei a gostar de mangás e animes, sempre gostei de desenhos e histórias, fossem as contadas oralmente ou as que lia em livros, mas em certo ponto da vida conheci pessoas admiráveis com histórias incríveis e todos de certo modo apaixonados por essa maravilha da cultura japonesa. Eu, inexperiente, conhecia pouco desse mundo e essas pessoas, conversavam de um jeito diferente e compreendiam coisas que as outras pessoas não se davam tempo de compreender e eu ficava imaginando se o motivo para tanto seriam essas histórias, então passei a assistir outros animes e o primeiro deles foi FullMetal Alchemist que foi um marco como o muro de Berlim na minha vida.
O que você faria se perdesse sua mãe ainda criança e visse em algum ponto da ciência, uma brecha para trazê-la de volta? O que faria se nessa tentativa perdesse o seu irmão e tivesse que dar uma parte de seu corpo para conseguir reaver apenas sua alma? São possibilidades remotas na vida real, encaramos a morte e as perdas de forma dolorosa e irremediável, mas a vida é feita de dias e noites e o mundo de caminhos a trilhar. Se você perdesse tudo de importante pra você, qual seria a sua escolha? O que você faria? Como passaria a encarar o mundo em sua volta? São tantas paixões e encantamentos que você não nota apenas uma característica, são várias e em algum ponto, você encontra aquilo que te faz repensar suas próprias atitudes.
Sempre fui muito observador e detalhista, mas é fascinante como ter começado a assistir esses “desenhos” me despertou para coisas que nunca imaginei. Depois de ultrapassada essa barreira e começar a ler mangás, novamente me deslumbrei com um mundo desconhecido e passei a lê-los e a colecioná-los e querer sentir o cheiro das páginas novas ou das velhas quando já estão amarelando e ler, reler e ficar ainda mais apaixonado pelas histórias em cada nova leitura, descobrir detalhes nunca antes percebidos em cada palavra lida com mais afinco.
Pode parecer bobagem e muitas pessoas que lerem isso, assim o dirão, mas é algo sensacional descobrir coisas que te abrem portas que nunca imaginou, portas para pessoas novas, conhecimentos novos, sentimentos novos e muitos ainda não entenderão quando eu disser que fico finais de semana inteiros relendo as mesmas histórias ou porque gasto dinheiro com isso e eu direi que não é porque gosto de esbanjar o pouco que tenho ou para mostrar aos outros o que possuo, é porque me lembro a cada vez que abro o armário e vejo minhas coisas lá, que minha vida ficou mais feliz e porque não dizer mais completa? É um mundo de possibilidades que oferece a qualquer um, desenvolvimento humanitário e pessoal. Chorar várias vezes com a morte de um mesmo personagem ou sofrer junto com ele quando não consegue atingir seu objetivo, são valores que são adquiridos, são sentimentos que afloram sem nem se dar conta, como uma amiga inesquecível disse “como eu chorei, como eu ri e como fui feliz e são sentimentos que permanecem lá, para quem escreve e para quem lê”.
São valores que são transmitidos, esperança que é dada e também ensinamentos. Dê valor às boas amizades, cultive com paciência a sua árvore da vida, construa um cercado para proteger suas coisas importantes, aproveite a vida, viva. Se apaixone, ria quando tiver que sorrir e chore quando tiver que chorar, se emocione, grite, pule, cante, cometa erros para poder corrigi-los, perdoe, AME, se permita, dê asas aos seus desejos sem deixar que seus pés saiam do chão e aprenda, sempre aprenda. Seus caminhos lhe trarão possibilidades, caberá a você decidir o que escolher, se arrependa se preciso, mas não viva uma vida de “se”, olhar pra trás é importante, pensar no futuro é essencial, mas viver o seu momento é sensacional.
Não nos fascinaremos apenas uma vez na vida, não nos apaixonaremos apenas uma vez na vida, não sofreremos ou cairemos apenas uma vez na vida, nem sempre estaremos preparados, nem sempre seremos fortes o suficiente, nem sempre faremos o que deveríamos ter feito, o importante mesmo disso tudo é viver e agora depois disso posto, digo sem temer o mundo em volta, isso sim é fascínio.